GSF

O Generation Scaling Factor (GSF) determina quanto cada usina vai receber de energia após o rebalanceamento. Saiba o impacta na energia que chega até sua empresa

 

Sabemos que o Brasil é um país com uma estrutura de geração elétrica concentrada principalmente em hidrelétricas, que constituem uma das mais confiáveis alternativas de produção de energia. Somos abastecidos também pelas usinas térmicas e eólicas, mas que refletem um outro tipo de funcionamento quando falamos em GSF (Generation Scaling Factor).

Para entendermos melhor sobre o conceito por trás da sigla, precisamos falar sobre os processos de abastecimento até o consumidor final, para que seja possível identificar em que momento somos atingidos por variáveis que podem alterar todo um sistema.

 

O que saber antes de entender sobre GSF?

No setor elétrico, temos três fases importantes: geração, transmissão e distribuição. Essas partes formam uma sequência de produção onde a geração rege o funcionamento das demais e adequa o comportamento do sistema de forma geral.

Quem nos ajuda a organizar esse sistema é o ONS (Operador Nacional do Sistema). Ele é o órgão responsável pelo controle das operações de todo o país.

Focando nos geradores de energia, hoje temos estabelecido o SIN (Sistema Integrado Nacional) que conecta a rede de usinas geradoras de energia e seus consumidores. Sendo fiscalizado pelo ONS, essa rede de transmissão interliga as usinas possibilitando transferências de energia entre subsistemas.

Até aqui, sabemos que existe um órgão regulamentador que cuida de uma malha de usinas geradoras de energia que conversam entre si em função de um abastecimento efetivo.

>> Leia também: Sazonalização de garantia física para geradores: como funciona?

 

Risco hidrológico

Conhecendo o cenário de abastecimento elétrico brasileiro, temos uma configuração hidro-termo-eólica, que explica a aplicação de alguns tipos de estratégias nos momento de transmitir e distribuir o que foi produzido.

Se grande parte da nossa energia provém da força das águas, estamos expostos à alterações climáticas que alteram o abastecimento das bacias hidrográficas e influenciam diretamente no volume de energia produzido.

O risco hidrológico acontece quando o nível das chuvas diminui o suficiente para que o fluxo de água das quedas e dos rios se enfraqueça, e consequentemente, os resultados da produção diminuam.

Em palavras simples, se não chove e o nível de água das bacias cai, não há força capaz de gerar energia.
Haverá uma preocupação estrutural com a força necessária para que a usina gere energia, mas também existe um fator ambiental que impede o uso inadequado da matéria-prima.

Ou seja, o ONS controlará o funcionamento dessa usina (despachada centralizadamente) que não está recebendo água regularmente, monitorando o despacho e limitando a quantidade de energia que pode ser liberada.

Por esse motivo é importante saber como o risco hidrológico pode afetar sua empresa de geração e quais são as estratégias usadas para que o gerador não seja prejudicado.


O que é GSF?

GSF é uma sigla em inglês que significa Generation Scaling Factor. É a medida de risco que analisa a relação entre o volume de energia produzido e a garantia física de cada usina, ou seja, fator de ajuste de garantia física das usinas hidrelétricas que compõem o Mecanismo de Realocação de Energia (MRE).

O cálculo é feito mensalmente pela CCEE e funciona como um rebalanceamento proporcional do volume total de energia produzido, somando os resultados de todas as usinas participantes do MRE.

 

Qual a relação com a GF?

Considerando que cada usina hidrelétrica possui uma capacidade energética específica, um funcionamento considerado normal é onde todas alcancem o volume de energia estipulado pela garantia física.

Cada hidrelétrica participante do MRE tem um montante de garantia física aprovado pelo MME - Ministério de Minas e Energia. Mensalmente, é realizado um rateio da somatória da energia elétrica produzida entre as usinas participantes na proporção da garantia física.

grafico-GSF-Comerc

A garantia física é a referência utilizada para comparar o que se pode alcançar de produção e o que realmente foi produzido. Tendo essa informação é possível saber como o GSF irá se comportar naquele mês, por exemplo.

 

Quando e como se aplica?

Dentro de um sistema interligado, todas as usinas trabalham em cooperação umas com as outras, com a intenção de suprir os contratos e garantir energia elétrica para os consumidores finais.

Tendo em vista que as hidrelétricas dependem do volume de chuvas para gerar energia, é previsível que o volume total de cada mês será variável, de forma sazonal, de acordo com as épocas do ano.

Analisando fatores como clima, estrutura e rede de distribuição, por exemplo, quando alguma usina não alcança sua garantia física é o momento do ONS realizar o cálculo do GSF para redistribuir a quantidade que cada usina do sistema poderá receber de energia.

Considerando uma produção eficaz de energia, alcançando 100% da GF, no cálculo do GSF o resultado será 1. Qualquer número inferior a isso mostrará que houve uma baixa produção em determinada hidrelétrica e essa energia precisa ser compensada de alguma forma.

Nesse momento, soma-se o total de energia produzido por essas usinas, analisando o peso que cada uma delas possui dentro do sistema e o resultado será dividido igualmente entre todas as hidrelétricas envolvidas.
Isso determina quanto cada usina irá receber de energia em função do total que o sistema inteiro produziu, independente de como foi a produção individual. A conta indicará qual a porcentagem proporcional em relação à GF de cada gerador.

 

Como ele afeta o seu dia a dia?

A maneira como isso pode afetar o seu dia a dia aparecerá principalmente nos valores a serem pagos por essa energia.

Existem duas possibilidades de cobrir a energia faltante nesse sistema: acionar outras geradoras, como as termelétricas ou comprar energia no mercado de curto prazo, sendo influenciado pelo PLD.

Isso automaticamente reflete no preço a se pagar pela energia, encarecendo todo o fornecimento, pois as termelétricas têm uma atuação muito mais cara e o MCP irá calcular a diferença do que foi contratado em um sistema que não produziu o suficiente.

Nas últimas décadas, essa dinâmica dominou o setor elétrico brasileiro e os últimos anos mostram uma inconstância das chuvas que reflete diretamente no SIN.


Por que o tema GSF rende discussões?

A questão do risco hidrológico ainda rege o funcionamento da rede elétrica. Mesmo que estejam surgindo novas fontes energéticas, dependemos do abastecimento das bacias hidrográficas para suprir a demanda do país.

Os geradores de energia, diante da variabilidade climática, passaram a contratar menos energia do que a GF declarada, com medo de receberem menos energia do que foi garantido e terem que pagar mais caro pela energia.

As penalidades e os altos preços vêm se somando e algumas usinas se tornaram inadimplentes nos últimos anos, algo que preocupa a Aneel e outros agentes comercializadores.

A Comerc vem acompanhando os processos de negociação do GSF e a busca da CCEE por uma modernização do sistema elétrico brasileiro.

Tornar o sistema mais flexível e com menor risco de ter grandes prejuízos ao longo do ano é a expectativa de grande parte dos geradores de energia.

Importante destacar que, a maior geração termelétrica também desloca e reduz a geração hidrelétrica. Outros dois fatores que contribuíram para redução do GSF foram atrasos em obras de linhas de transmissão, impedindo o escoamento da geração hidrelétrica, e a outorga integral de garantia física de projetos estruturantes antes que esses projetos tivessem capacidade para gerar o montante determinado.

Entidades representantes de geradoras questionam o impacto do GSF, que na visão delas, esses motivos não são controlados pelas usinas hidráulicas que, portanto, não podem ser prejudicadas por eles.

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