O submercado Nordeste vem sendo fortemente impactado pela seca, com períodos de estiagem recorrentes. Para proporcionar uma visão abrangente de todos os fatores que influenciam a capacidade de suprimento na região, a Comerc Energia preparou uma análise do momento atual e perspectivas para a geração de energia no Nordeste em 2016.

No dia 20 de dezembro, a Energia Natural Afluente (ENA) – energia que pode ser produzida a partir das vazões afluentes aos reservatórios – estava em 26% da Média de Longo Prazo (MLT) e, em novembro, chegou a ficar em apenas 15% da média histórica da região. Outro ponto de atenção é o crescimento da carga de energia, ou seja, o quanto foi consumido neste ano, que já apresenta elevação de cerca de 3,5% em relação ao apurado em 2014.

Com o cenário desfavorável para a geração hidrelétrica, outras fontes passaram a ter importância cada vez maior para o suprimento da região. O gráfico abaixo mostra a participação média das fontes hidráulicas, térmicas e eólicas no Nordeste a partir do segundo semestre de 2015:

Fonte: Comerc ( base de dados do ONS)

Fonte: Comerc ( base de dados do ONS)

Os parques eólicos têm produzido montantes significativos. A geração da fonte em 2015 foi equivalente a cerca de 3% do nível dos reservatórios de usinas hidrelétricas da região todos os meses. Em agosto, mês de maior geração eólica no ano, o fator de capacidade (FC) – proporção entre a produção de energia e a capacidade instalada – foi de 47%, superando o valor médio anual, que é de 33%. Assim, a fonte eólica evitou um deplecionamento (redução do nível da água em uma área, como conseqüência das oscilações do regime hídrico ao longo do ano) ainda maior no Nordeste em 2015.

Em dezembro, as hidráulicas estão gerando em torno de 42% de sua garantia física, o suficiente para atender 25% da carga de energia da região no período. A geração térmica representa 33% do atendimento da carga, e, as eólicas, 20%, enquanto o intercâmbio de energia (recebimento das outras regiões) é responsável por 21%.

Cenário para 2016

A situação para 2016 é crítica. O crescimento médio anual de carga do Nordeste previsto no Planejamento Anual da Operação Energética, divulgado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) é de 1,2%. Mesmo com a entrada em operação das eólicas do Nordeste conforme o cronograma de expansão do Departamento de Monitoramento do Setor Elétrico (DMSE) com fator de capacidade de 40% e com manutenção do níveis atuais de geração térmica, a geração hidráulica deve continuar minimizada pelo baixo volume de chuvas e os níveis dos reservatórios podem chegar a 0%, ainda que haja uma ENA de 43% da MLT. Vale lembrar que, em novembro de 2015, a ENA estava em somente 15% da MLT, ou média histórica.

Fonte: Estudo Comerc

Fonte: Estudo Comerc

O cenário de perspectivas negativas pode apresentar melhora se houver enfraquecimento do El Niño no primeiro semestre de 2016 e entrada do estado de neutralidade no segundo semestre, conforme as previsões. No entanto, é importante pontuar que a resposta da atmosfera não é instantânea e que os impactos de um enfraquecimento do fenômeno climático podem ser observados apenas no início de 2017.

 

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