Usinas pertencentes ao MRE produziram 79% de suas garantias físicas em fevereiro de 2015

O MRE (Mecanismo de Realocação de Energia) é um sistema criado para compartilhamento de riscos hidrológicos. O MRE realoca energia entre todas as usinas hidrelétricas sujeitas ao modelo de despacho centralizado (2010, ANEEL), transferindo o excedente das que geraram além de suas garantias físicas para as que geraram abaixo. (Leia mais sobre MRE em http://www.panoramacomerc.com.br/?p=72)

Toda usina possui uma potência instalada. A garantia física corresponde à máxima energia que pode ser fornecida segundo um dado critério de segurança, ou seja, levando em consideração questões de manutenção de ativos e alternância de afluência. A garantia física é importante, dentro do MRE, para o rateio da comercialização de energia via contratos entre todos os empreendimentos de geração do sistema.

Para verificar a quantidade de energia produzida em relação à garantia física das usinas pertencentes ao MRE, foi criado o Fator de Ajuste da Garantia Física, ou Generation Scaling Factor – GSF. Ele mede a geração hidráulica em relação à garantia física, cujo cálculo é feito mensalmente pela CCEE:

equacao_gsf

Se o resultado da equação for inferior a “1”, as usinas hidrelétricas estão gerando abaixo de suas garantias físicas. Com isso, as usinas precisam comprar energia no curto prazo, valorada ao PLD, para honrar seus contratos de fornecimento de energia.

O gráfico abaixo mostra o nível dos reservatórios do SIN em comparação com o GSF de 2011 a 2015:

Fonte: CCEE e ONS

Fonte: CCEE e ONS

A partir de 2012, o nível dos reservatórios começou a sofrer uma redução considerável, afetando a geração das usinas hidrelétricas. Em janeiro de 2013, o GSF atingiu o menor patamar da análise, 0,75. Ou seja, a geração hidráulica ficou 25% abaixo da soma de toda a garantia física dos empreendimentos participantes do MRE.

Em 2014, o problema se manteve com a falta de chuvas sobre os reservatórios. A produção das usinas hidrelétricas ficou abaixo da garantia física até o fevereiro de 2015. Em períodos de estiagem, o ONS determina que o nível dos reservatórios seja preservado, elevando a produção de energia por meio das termelétricas.

Desde janeiro de 2014, a produção termelétrica se manteve no patamar de 14.000 MW médios, enquanto a média do GSF ficou em 0,91. O GSF para fevereiro de 2015 foi de 0,79, conforme gráfico abaixo:

Fonte: CCEE e ONS

Fonte: CCEE e ONS

Com as usinas hidrelétricas gerando abaixo de suas garantias físicas desde janeiro de 2014, o montante financeiro a ser pago por elas atingiu a casa dos bilhões, cerca de 27 bilhões de reais em 2014 e 6,5 bilhões de reais nos dois primeiros meses de 2015. Desta forma, a redução do teto do PLD no final de 2014 reduziu o impacto financeiro que as geradoras poderiam sofrer em 2015, dado o atual cenário hidrológico, conforme mostra o gráfico abaixo:

Fonte: CCEE

Fonte: CCEE

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